Os ministros da Opep+ estão propensos a concordar em estender os atuais cortes no fornecimento de petróleo bruto do grupo para o segundo semestre do ano. A decisão será tomada durante uma reunião virtual marcada para 2 de junho, mas especialistas alertam que surpresas não podem ser descartadas.
A Opep e seus parceiros não pertencentes à Opep enfrentam um cenário de incertezas, tanto nos fundamentos da oferta e demanda quanto nas perspectivas macroeconômicas. Sinais de crescimento na China e na recuperação da zona do euro contrastam com preocupações nos EUA, onde a Reserva Federal continua a sinalizar políticas monetárias restritivas.
Essas incertezas e tensões geopolíticas têm causado flutuações nos preços do petróleo. Em abril, os futuros do Ice Brent ultrapassaram os US$ 90 por barril, mas perderam parte desses ganhos nas semanas seguintes. Desde meados de maio, os preços têm oscilado entre US$ 82 e US$ 84 por barril.
O principal tema das reuniões do fim de semana será o destino dos 2,2 milhões de barris de cortes voluntários que oito países, liderados pela Arábia Saudita e Rússia, se comprometeram a fazer no final de novembro. A duração inicial desses cortes era de três meses, prorrogada posteriormente até o final de junho.
Em abril, a expectativa era de que o grupo eliminaria parte dos cortes de 2,2 milhões de barris por dia a partir de julho. No entanto, a percepção de que as tensões no Oriente Médio não ameaçam a oferta e os sinais de que grandes bancos centrais podem adiar o afrouxamento monetário mudaram o sentimento entre os delegados da Opep+.
Os delegados agora argumentam que o mercado não necessita de uma injeção adicional de oferta, devido às perspectivas incertas para a demanda de petróleo no segundo semestre de 2024. “O mercado petrolífero está bem abastecido”, afirmou um delegado. Outro destacou as incertezas na demanda, enquanto um terceiro admitiu não saber até que ponto a demanda aumentará no segundo semestre.
Alguns delegados esperam que os cortes atuais sejam estendidos, embora a duração exata ainda não esteja clara. “Uma extensão seria mais lógica”, disse um deles.
Além disso, serão discutidas formas de restaurar gradualmente a oferta para não desestabilizar o mercado. O anúncio de que as próximas reuniões serão online reforça a suposição de que uma prorrogação dos cortes é provável. No entanto, com os preços do petróleo próximos de US$ 80 por barril, há especulações de que alguns países possam propor cortes mais profundos, como a Arábia Saudita fez em junho de 2023.
A reunião deste fim de semana será crucial para definir os próximos passos da política de oferta da Opep+, em meio a um cenário de incertezas econômicas e geopolíticas globais.
